Ora, deixem tentar lembrar-me. Terça-feira passada. Isto é difícil, assim. À distância.
A semana foi boa. Os highlights incluem uma radiografia torácica muito bem descrita na visita do serviço - 'très bien, Pédrrô!' -, uma recapitulação dos principais agentes causadores de abcessos pulmonares que também foi show, porque o outro externo não os sabia, e duas gasimetrias bem feitas. Nada mau! Já consigo comunicar melhor com os doentes, embora não me atreva a escrever muitas coisas nos processos. Tento seguir mais a Karine - a quem na quinta-feira, acidentalmente, chamei mesmo Crétine quando estava a falar com a externa de farmácia, o que caiu um bocado mal. Acho que foi a força do hábito de pensar no nome dela trocado. Para além disto, tenho vindo a constatar que ela sofre provavelmente de um distúrbio de personalidade, já que é recorrente dar por ela a manter verdadeiras discussões consigo própria - põe as mãos à cabeça, gesticula incompreensivelmente, resmunga que se farta e faz questão de organizar as cadeiras da sala dos médicos obsessivamente. Deve ser o resultado de passar demasiado tempo sozinha, já que tanto o chefe de serviço como a chefe de clínica gostam de desaparecer misteriosamente e deixam-na a fazer o trabalho todo. Eu procuro ajudá-la - Karine, qu'est-ce que je peux faire pour t'aider? -, o que invariavelmente resulta em ter de ir ver os doentes sozinho ou enviar faxes para outros serviços a requisitar consulta de determinada especialidade ou caminhar pelas catacumbas do hospital até ao serviço de radiologia central em busca de exames perdidos ou então em conversas telefónicas com pessoas de outros hospitais onde os nossos doentes estiveram internados no passado e que por algum motivo possuem informações clínicas importantes para o internamento actual. O facto de ainda não me terem impedido de tocar no telefone do serviço permanece para mim um mistério, mas eu faço um esforço grande por comunicar com as pessoas do outro lado. Claro que por vezes, quando desligo o telefone, dou por toda a gente a rir com as asneiras que acabei de dizer, mas desenrasco-me! E tenho dado conta do recado.
No fundo a Karine até é fixe e ouve as minhas perguntas. As mais das vezes responde com um 'je ne sais pas' meio camuflado por entre golos de capuccino - que eu ainda não descobri onde ela vai arranjar -, mas quando sabe não se importa de explicar. Estou a ver se um dia destes consigo que me ensine a fazer um exame neurológico.
O fim-de-semana incluiu ida a Montmartre por causa de umas festas que estavam a decorrer. Havia feira com prova de vinhos, licores, queijos e doces, que, claro está, tínhamos que aproveitar. E no final da noite de sábado também houve fogo de artifício. Muito bom!
Claro que entretanto fiz outras coisas, como estudar.
Essa Karine deve ser cá uma peça! xD
Montmartre? Queijos e licores e vinhos? óh Bolas! =X Faltei aí eu!
Beijinhooooo