Lotti
Domingo, 20
No Domingo de manhã fui à missa com a Carlota e a Helena. A torre que se vê na imagem corresponde exactamente à igreja da paróquia tuga cá do sítio!
Depois de uns minutos sonâmbulos de marcha enquanto passavam por nós vultos corredores ainda mais numerosos do que o costume, chegámos à igreja, onde a missa já tinha começado. Encontrámos lugares sentados e foi bom, por uma hora, ver como há um grande espírito de comunidade e as pessoas tentam manter as tradições portuguesas. Havia pais portugueses com filhos que, não obstante serem já primeira geração francesa, se empenham nas leituras e frequentam aulas de português organizadas pela paróquia. Não faltaram putos com camisolas 'CR9' nem a distribuição gratuita do jornal português cá do sítio. Vim embora contente com o que tinha visto e sentindo-me também um pouco emigrante. :p
À tarde, aproveitámos a tal história de ser quase tudo grátis - a torre Eiffel, por exemplo, nunca é gratuita, independentemente do dia do ano ou das jornadas que inventarem - e fomos novamente à Ópera de Paris. Por sorte, fomos as últimas pessoas que deixaram entrar. E não tínhamos feito esforço nenhum por chegar a tempo! Na verdade, nem sabíamos bem a que horas é que as portas fechavam.
Depois de uns percalços com a máquina, lá descobrimos uma forma de tirar a foto decentemente. =p
Cenário do espectáculo que está agora a decorrer na Ópera - 'O Barbeiro de Sevilha'
E do nada, começou a música espectacular.
Passámos o resto do dia a deambular boemiamente por Montmartre, hehe. A máquina ficou sem bateria, mas ainda registou um pouco de arte e o fantástico Sacré Cœur.
Parte da subida.
Segunda-Feira, 21
Saí de manhã cedo em direcção à Embaixada Portuguesa em Paris, que fica no outro lado do mundo. Não, por acaso até nem demorei muito tempo a lá chegar, mas quando expus a minha situação ao senhor que me recebeu ele reencaminhou-me imediatamente para o Consulado, que ficava ainda noutro sítio. Entra metro, sai metro, anda um bocado, pergunta a uns tipos onde fica, explica a um outro senhor - também ele perdido - que sim, é mesmo aquela a rua que ele procura, a placa tem o nome, basta ler, chega ao Consulado. À minha espera estava um senhor contínuo que falava como os apresentadores do TV Rural - sim, essa pérola. Explicou-me que não podia fazer o passaporte porque o sistema não estava a funcionar e que só havia duas hipóteses - esperar e ver se a situação se resolvia, sem previsão alguma de tempo necessário para a sua resolução, ou voltar noutro dia. Eu resolvi esperar - tempo é coisa que não me falta, nestes dias.
Três horas e um episódio inteiro da Praça da Alegria mais tarde, as coisas voltaram ao normal e as pessoas que estavam à espera começaram a ser chamadas. Expliquei ao senhor que me atendeu que não me deixavam abrir conta no banco porque o Cartão do Cidadão não era reconhecido como documento oficial de identificação no BNP Paribas - BNP não é, definitivamente, nome que se queira dar a um banco - e ele, perfeitamente incrédulo, insurgiu-se e disse-me que eu não tinha que fazer passaporte nenhum, porque a culpa era do banco que, não reconhecendo o formato de um BI que já existe há quase dois anos, só demonstrava grande ignorância e estava a violar leis internacionais, etc. etc. etc. Eu acabei por assentir e não fiz o passaporte, que afinal de contas custava 70 euros e teria sido um desperdício de dinheiro. Saí então do consulado - sim, com o meu problema exactamente da mesma maneira - e fui a outra agência do BNP - a sede, que fica mesmo em frente à Ópera. Expliquei à menina do accueil o que se passava, dei-lhe o CC, a carta de condução e ainda um certificado que um chanceler me tinha emitido no consulado e debitei um bocado da lenga-lenga típica: isto é uma injustiça, uma discriminação, não se compreende, estamos na UE, etc. A senhora chamou o director da agência, que por seu turno disse que não havia problema nenhum e que, mesmo parecendo o meu Cartão do Cidadão um daqueles cartões de telefone recarregáveis, não havia motivos para na agência da Cité Universitaire se terem recusado a abrir-me conta. Reencaminhou-me então para um outro senhor que não só me abriu a conta como foi muito prestável e me explicou uma série de coisas que eu não percebi. Mas é que não percebi mesmo nada! Sei que assinei o meu nome umas quinze vezes - ia tão lançado que por pouco não assinei o documento de cancelamento de conta quando ainda nem a tinha aberto - e marquei um rendez-vous para segunda-feira dia 28 para ele me entregar o cartão de crédito e me explicar mais uns quantos detalhes que eu certamente não irei compreender.
Tenho mesmo de aprender a falar Francês.
Depois da Ópera, fui descer os Champs Elysées, passei pelo Grand Palais e pelo Palácio do Governo e apanhei o metro na Concorde para voltar para casa.
Terça-Feira, 22
Não me lembro bem do que fiz neste dia.
Quarta-Feira, 23
Fui de manhã à seguradora tentar fazer o seguro profissional de que vou precisar quando estiver a estagiar nos hospitais. Quando cheguei lá, a primeira coisa que o homem me disse foi 'Est-ce que vous êtes allé à La Poste?'. Eu não percebi bem o que ele queria dizer com aquilo, mas à terceira vez lá acabei por compreender que a única forma de se pagar o seguro, ali, era com vale postal. Raio dos franceses e das suas burocracias inúteis - quem pensa que em Portugal é só papelada e idiossincrasias devia vir para França fazer Erasmus. Sai da seguradora, anda, chega à La Poste, encontra a senhora do accueil - os franceses adoram o accueil - e, quando lhe expliquei que precisava de um cheque de 15 euros para pagar o seguro, ela olhou para mim com um ar surpreendido e perguntou-me se eu tinha conta na Banque Postale. Eu disse que não, ao que ela respondeu que só podiam emitir cheques se eu tivesse conta. Eu lá voltei a explicar que o senhor da seguradora é que me tinha mandado lá ir ter e que devia haver um mal-entendido, mas ela, veementemente e aumentando o volume da voz, voltou a dizer que eles não faziam aquilo se eu não tivesse conta.
Sai da poste, profere umas quantas imprecações e manda os franceses para a puta que os pariu, chega a casa, vai passear para os Jardins do Luxemburgo. Menos mau! =p
Ao final da tarde, jogging na cité e no parque Montsouris. Soube bem.
Quinta-Feira, 24
Afinal o nome correcto do que o senhor da seguradora queria que eu fizesse nos correios era um 'Mandat Cash'. Depois de ter esclarecido esse pormenor consegui arranjar uma coisa dessas, pagar o seguro e voltar à faculdade para entregar o comprovativo.
Sexta-Feira, 25
Hoje à tarde fomos finalmente visitar um museu - sim, o Louvre. Hehe! Como a entrada em museus é, para nós estudantes, de um modo geral gratuita, e tendo em conta que vamos ficar cá muitos meses, fomos dar primeiro um passeio pelo jardim das tuileries, comemos um crêpe sucre com limão e depois das cinco da tarde entrámos no museu. Estivemos até às 20h a ver o que a Carlota chamou de 'um onze avos' do museu, que corresponde apenas a esculturas. Foi bom!
Pose ainda por fazer, visto uma pomba ter cagado as mãos da Stéphanie e ela estar a lavar-se na água do tanque.
Tudo a postos.
A nossa guia turística a explicar uma quezília entre a Amizade e o Amor. =p
Este tipo tinha uma cara mesmo feia. O Código de Hamurabi! 'Olho por olho, dente por dente'
Mãe e filha.
Epá, nunca mais aparecias!
Querido Pedro,
Tu nous manques beaucoup! Estamos sempre à espera de ouvir a tua voz nas aulas para responder àquelas perguntas a que ninguém mais sabe responder! Adoro o teu blog!
ok esqueci-me de assinar e tinha o mail do ano da minha irmã aberto lol
Beijinhos
Luísa
Luisinha,
vous me manquez plus!! lol se a minha voz já se ouve pouco em português, então imagina agora em francês... vai ser lindo! Hehe.
Tenho saudades vossas.
Beijinhos,
Pedro
Adoro o blog!!
Vocês estão-me a fazer uma certa inveja! Quando eu chegar em Fevereiro mostram-me o lado turístico de Paris? ;)
Beijinhoooo!
Catarina
Ah, as memórias que surgem com estas fotos, aproveita a 200% essa cidade magnífica!
Abraço,
Pedro =)
Catarina, com uma cicerone como a Carlota, não há que enganar: nuns diazinhos ficas a conhecer Paris bem melhor do que Rio Maior. Verdade! :p Hehe
Beijinhos e obrigado pelo comentário. :)
Pedro, está a ser aproveitada! E de que maneira... :)
Um grande abraço!