O dia de sexta começou com nova ida à faculdade, desta vez com a Carlota, que tinha chegado na véspera e também vai fazer estágios nos mesmos hospitais que eu. Tínhamos feito o propósito de irmos a pé, já que alguns colegas de anos passados nos tinham dito que era uma viagem bastante curta, de 8 a 10 minutos. Como nos dois dias anteriores as coisas haviam demorado um bocado, pensei que era desta que íamos tentar lá chegar andando. E assim foi. Sai da cité, vira à direita, edifício branco, vira à esquerda, segue, segue, segue. Chegámos cerca de 30 minutos depois de termos saído de casa, essencialmente por termos feito dois detours - um para assistir a uma cerimónia de homenagem à ex-presidente de câmara cá do sítio que faleceu esta semana, e outro para entrar num bar luso-francês onde havia um senhor tuga que nos explicou melhor o caminho - e também por termos ido, segundo a Carlota, 'a passo de princesa'. Contas feitas, parece que vou mesmo passar a ir a pé para a faculdade, o que dá um grande jeito.
Aproveitei a viagem para tirar mais algumas fotos ao hospital e à faculdade:
Regressámos de metro e fomos almoçar à cantina da cité. Nunca falei aqui da forma como as refeições funcionam, na cantina. 'Parcas' é um bom adjectivo para as descrever. Embora a 'formule bleu', que é a que eu geralmente escolho por custar apenas 2,90€, inclua entrada, prato principal e sobremesa, a verdade é que a entrada é um copo muito, muito pequeno onde só cabe um bocadinho de salada de cenoura ou cous cous; o prato principal é um pedaço de peixe ou de carne acompanhado por quantidades exageradas de arroz ou massa - noutro dia, por exemplo, a carne era literalmente uma almôndega - pelo que dois minutos depois de começar a refeição já estou a comer arroz com arroz, ou massa com massa, ou cenoura com cenoura; a sobremesa já inclui um bolinho ou iogurte ou pudim flan ou papa de maçã. Vendo bem, não é nada má, sobretudo para quem tem tempo para fazer várias refeições por dia, já que hora e meia depois estou novamente esfaimado. O que vale é que tenho comida no quarto e na maior parte das vezes até cozinho aqui em casa.
Entretanto fui ao banco e confirmei que não aceitam o Cartão do Cidadão como documento de identificação. Parece mentira, mas quase dois anos depois de ter sido introduzido, ainda tenho um problema destes num país da UE. Na segunda-feira vou à Embaixada Portuguesa pedir para me emitirem um passaporte, já que não tenho grandes alternativas.
À tarde fomos à Opéra de Paris. Não entrámos porque o bilhete custava 4 euros - afinal de contas não somos turistas mas sim estudantes pelintras, e não nos podemos dar a grandes excessos, hehe =p - e como este fim-de-semana estão a decorrer as Jornadas do Património Francês (por toda a França a visita a museus e algumas atracções turísticas é gratuita), pensámos lá voltar no Domingo e tentar ver por dentro. Caso contrário lá teremos de pagar os 4 euros, mas ver de graça é sempre melhor. Continuámos a pé pela boulevard des italiens, andámos, andámos, e umas quantas avenidas depois, na megastore da Virgin, a Carlota descobriu que os McFly actuavam ao final do dia em Paris. O concerto estava mais do que esgotado e não havia forma de comprar bilhetes pelos meios habituais, mas ela lá pediu para a senhora da bilheteira nos explicar como é que se chegava ao sítio onde ia ser o espectáculo. Eu e a Sté fomos levá-la até Port de La Villette, que fica no outro lado da cidade, mas a viagem até se faz bem de metro. Chegados lá, a Carlota lembrou-se de que não tinha apontado o nome do local onde ia ser o concerto. Julgava que era algures no Parc de La Villette, mas não tinha bem a certeza de como se chamava o pavilhão. Perguntámos a várias pessoas, mas nenhuma reconheceu o nome que lhes dizíamos. Depois de um bom tempo nisto, lembrámo-nos de que tínhamos comprado horas antes um guia com os principais espectáculos e actividades culturais que decorrem nesta semana, e ao consultarmos a lista lá conseguimos descobrir o nome do pavilhão. O facto de os senhores nos terem dito logo a seguir que aquilo não ficava naquela região da cidade e que a senhora da Virgin se tinha enganado não demoveu a Carlota de ir ao concerto. Apanhámos então mais um autocarro, e a meio do caminho a Carlota desceu na paragem certa e eu e a Sté continuámos, tendo percorrido a linha toda para irmos ter a outra estação onde havia comboio que nos deixasse em casa. Três horas depois de termos saído da loja da Virgin em busca do tesouro encantado, chegávamos à maison. Viemos a saber mais tarde que a Carlota não só conseguiu bilhetes para o concerto como se divertiu à brava! =p
À noite fomos a um bairro de estudantes que fica aqui ao lado. No regresso perdemos o último autocarro e tivemos de voltar a pé. Nada a que já não me comece a habituar!
O Hotel London ainda lá está! =p Belos tempos.
Hoje, Sábado, foi dia de supermercado. Abriu um LIDL aqui ao pé esta semana e os preços são mesmo muito bons, praticamente os de Portugal. Foi bom para comprar fiambre a preços decentes - nos supermercados normais, aqui em Paris, uma embalagem com 4 fatias de fiambre custa 2 euros, mas no LIDL comprei mais barato do que provavelmente teria comprado até no Continente, em Portugal.
À tarde começámos nova corrida de fundo - fomos andar para a zona de Le Marais, onde há umas chocolateries e patisseries muito boas.
A culpa é da Carlota.
Cupcakes!
Passámos também por uns jardins bonitos onde as pessoas, em dias de bom tempo, se sentam todas e conversam umas com as outras.
Sempre nesta de palmilhar, fomos ter à praça da Bastille, onde estava a decorrer... a parada techno. Aquela de que a Carlota me tinha falado há umas semanas atrás. E confirma-se, de facto: há gente pendurada nos sítios mais estranhos e digamos - eufemisticamente, vá - que o Magreb sai à rua. Há quem vomite, há quem tenha os olhos mais vermelhos que cerejas, há quem se tenha magoado estupidamente, e há quem se queira meter na alheta o mais rápido possível, que foi o nosso caso. Máquinas para dentro da mochila e ala que se faz tarde.
Metemo-nos no RER e saímos em Notre Dame. Abancámos então numa ponte pedonal sobre o Sena, com vista para a catedral, para o Louvre e para a Torre Eiffel. Aí sacámos do farnel que tínhamos trazido de casa e regalámo-nos com as sandes e o vinho rosé de 2 euros que a Helena tinha comprado no supermercado. Bem bom! Estivemos lá até anoitecer e depois demos uma volta pelo Louvre, pela torre Eiffel, e voltámos para casa.
E pronto, foi assim.
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