Este avião cheira a cócó. Verdades! Talvez tenha a ver com o facto de estarem duas criancinhas ao meu lado e ambas terem ar de quem ainda não controla bem os esfíncteres. Isso para mim, agora que mudo fraldas, não é nada. Com o cheiro posso eu bem, só não queria mesmo era que o avião caísse.
Faz algum tempo que não actualizo o blogue, e tenho pensado muito no assunto. É tão frequente estar no meio de uma situação estranha ou caricata e desejar poder publicar os meus pensamentos em directo, mas infelizmente isso não é possível e nas horas seguintes a vontade esvai-se. Já me apeteceu escrever posts sentidos, a la Meredith Grey, mas tornei-me tão internacional que já não sei pensar essas coisas profundas em Português. Verdades! Ou não.
Decidi, portanto, fazer um pequeno resumo repartido por vários posts do que foram os meus últimos quarenta dias em Paris e das novas personagens que entraram na minha vida.
Comecei Janeiro em Bruxelas, Fevereiro em Estocolmo e hei-de iniciar Março em Lisboa. Tanto como o Papa gosta de tematizar anos, assim também eu decidi que 2010 vai ser o ano da ubiquidade, o que dito assim nem é nada pretensioso.
Vamos então por partes, que tanta coisa há a dizer. Esconderei os pormenores mais sórdidos e sacrílegos, porque afinal a minha Paris não é necessariamente a Paris deste blogue e tantas outras coisas acontecem que não poderei jamais contar, mencionar sequer.
O último mês trouxe muitas e boas aventuras.
Não me lembro bem do dia em que decidimos ir à Suécia todos juntos em pleno inverno
aiiiii a turbulência o avião vai cair
mas quer-me parecer que um cheiro intenso a peido-cerebral deve ter invadido toda a maison nesse instante, só disfarçado na altura pelo odor a peixe frito que costuma emanar do rés-do-chão.
acho mesmo que este avião está a perder altitude, Cristina tu passavas-te
A verdade é que lá fomos, mas não sem antes comprarmos collants masculinas meias até ao joelho e gorros russos e galochas – sim, fomos todos de botas de neve para a Suécia – e nos termos disfarçados de obesos, convencidíssimos de que iríamos apanhar o frio das nossas vidas. Partimos no Sábado, 30 de Janeiro, e passámos literalmente 12 horas de viagem, entre chegar a Porte de Maillot, quase perdermos o autocarro com destino ao aeroporto de beauvais, chegar ao aeroporto, esperar pelo vôo, passar pela magnífica experiência de andar num avião da Ryanair, chegar ao cu-de-judas aeroporto da Ryanair em Estocolmo, que não fica sequer em Estocolmo mas a uma hora e meia do centro da cidade, perder a navette que nos levaria ao centro porque elas tiveram de ir mijar, apanhar o autocarro, chegar a Estocolmo, morrer de frio.
Note to self 1: não mais marcar viagens de três dias que envolvam vôos da Ryanair a sair de Paris.
Nossa Senhora.
Os dias que passámos em Estocolmo foram interessantes, embora o frio me tenha deixado em estado de transe e com uma paralisia facial bastante incomodativa, ao ponto de falar como um bêbedo.
Quanto a museus, gostei sobretudo de ver a Câmara Municipal, onde todos os anos tem lugar o jantar comemorativo da entrega dos prémios Nobel, e o museu do barco, cujo nome agora não me vem à cabeça – mas era muito giro, tinha um navio naufragado em 1600 que entretanto foi novamente trazido à tona em 1970 e tornado objecto de museu.
De resto, marchámos bastante pela cidade e até andámos num ferry boat pelo meio de grandes placas de gelo e verdadeiros icebergues.
Foi giro, mas note to self 2: ter cuidado com os paralelos a norte durante o Inverno. Chegávamos à noite com os pés todos molhados e eu já estava farto de ter os collants a caírem-me pelo rabo abaixo ver o Sol a pôr-se às 2 da tarde.
Depressing, much? Oh yeah, cariño. Os Suecos são, contudo, mais simpáticos do que os Parisienses, embora aparentemente se suicidem mais, tal é o stress de viver no escuro.
Bem sei, bem sei, falo como se tivéssemos ficado eras e eternidades em Estocolmo, mas de facto na segunda-feira já estávamos de volta a casa, que isto em Paris trabalha-se e não se pode faltar a estágios. Ahem. Foi muito bom voltar aos -4ºC de França e não mais ter de usar galochas, o que nos dava um ar um bocado tecla três, visto na Suécia ninguém andar com aquilo calçado para além de nós. Tínhamo-nos preparado para uma verdadeira expedição ao Ártico, o que motivou alguns risos na casa de uma amiga da Irina quando as pessoas perceberam o que tínhamos nos pés.
O meu cabelo lambido quando não tinha o gorro de pêlo...
Aqui ficam mais fotos:
Escrava Isaura...
Este post foi escrito enquanto estava no vôo da Ryanair entre Paris e Madrid, stressado e com quatro horas de sono em cima. Só quero chegar ao raio do aeroporto, andar duas estações de metro para ir para o outro terminal e ter uma senhora sorridente na porta de embarque para o vôo Madrid-Lisboa, dizendo ‘bienvenido a bordo’.
Espanhol assim é fácil, hein.
Ai mãe.
LOL... só de ler isto até fiquei com dor de barriga (true story!)...
Note to self: Ficar-me pela EasyJet! Ryanair sounds too (insert something scary and stinky)
Querido Pedro,
Fiquei contente por dares sinais de vida :) good comeback :)
Beijinhos
Luisinha
É óptimo ler o que escreves, farto-me de rir. Mas o que é certo é que é milhões de vezes melhor ouvir-te contar tudo ao vivo e a cores, rir-me contigo e fazer-te todas as perguntas que me apetece. É sobretudo incrivelmente bom matar saudades. Adorei ter-te cá...é péssimo ver-te partir outra vez. Muitos beijinhos MJ
good to read you again - welcome back my friend... however a minha perspectiva da tua pessoa mudou totalmente no momento em que passei os olhos pela fotografia em que estas de pijama faxinando...!