Ontem regressei a Paris depois de um fim-de-semana sUpEr HiPeR mEgA rI-CURTO. Antes de mais, pedir desculpas às pessoas com quem não pude estar - espero que possamos ver-nos em breve. O tempo passou mesmo a correr neste dia e meio. Para a próxima fico pelo menos mais dois dias e prooonto.
Na sexta-feira, ao aterrar em Lisboa, tive um momento algo bizarro - não reconheci nada. É que foi mesmo nada. Por vezes avista-se a Catedral ou o Alvalade XXI mesmo durante a noite, quando estão iluminados, mas na sexta-feira não vi nada disso. Talvez tenha sido por vir do 'outro lado'. Creio que vi o Aqueduto mas por essa altura já estava tão confuso que começava a considerar a hipótese de ir aterrar em plena margem sul ou me ter enganado no destino. Mas afinal era mesmo Lisboa e tudo correu bem.
No Domingo, ao voltar para Paris, tive uma sensação parecida à de Setembro - a de que partia rumo ao desconhecido. Mas foi muito passageira, porque eu sabia bem o que me esperava e não custou nada sair do avião, entrar no autocarro, sair em montsouris, apanhar o tram e andar até à porta de casa.
Casa.
Em 2005, quando saí dos Açores e fui para a faculdade, não tinha dúvidas de que a minha casa era São Miguel e o verde e o mar e o frio húmido de inverno que nos lixa os ossos. Hoje, depois de tanto andar cá e lá e passar meses a fio no continente, sei bem que casa e berço não são a mesma coisa e há que saber discerni-los. Em Paris não me sinto em casa - longe disso -, mas ter o meu canto é bom.
Acabei por ir deitar-me muito tarde, ontem, depois de ainda ter ajudado um rapaz indiano que estava de visita a entrar na residência dos seus amigos - que, segundo consta, não tem porteiro àquela hora da noite. Hoje tinha de acordar às 7h. O despertador tocou e eu acordei para logo depois me afundar novamente no torpor delicioso do sono da manhã. Comecei então a aperceber-me de que não iria ser nada fácil levantar-me da cama e ir sofrer um tipo que se dá ares de cientista falar sobre gripe A e vacinação durante uma hora e depois ainda ter de levar com uma visita ao serviço.
Segunda-feira dói.
Pensei mesmo em não aparecer no hospital hoje e inventar uma desculpa. Mas não podia, porque tinha de fotocopiar o dossiê da doente que vou apresentar aos externos todos na quinta-feira numa sessão de uma hora - MEDO - e assim dispor da informação de que preciso para fazer o powerpoint.
Foi aí que tive a ideia de enviar mensagem ao Clément a dizer que tinha perdido o avião ontem à noite e que tinha que apanhar o primeiro vôo da manhã mas que ainda assim ia hoje ao serviço, só que lá para as onze horas, que era quando chegava a Paris.
Mais três horas de sono - score!
Levantei-me às dez, levei o meu tempo a tomar banho e a comer, e saí de casa nas calmas. Quando cheguei ao hospital vesti a minha cara 'vraiment désolé' e quando entrei no bureau médical do meu serviço a AC, a Raphaëlle e o Clément partiram-se a rir. A AC começou a perguntar o que se tinha passado, eu expliquei-lhe que o aeroporto ontem à noite estava o 'bordel' no controle de bagagem e que tinha perdido o vôo. Quando acabei de contar a história, ela vira-se e diz 'ohh, e mesmo assim ainda vieste hoje ao hospital? Acordaste tão cedo e deves estar muito cansado...' - se a AC fosse uma barra de manteiga, nesse momento ter-se-ia liquefeito - e eu respondi 'bah oui, bien sûr'.
E pronto, toda ela foi sorrisos durante a manhã inteira.
Xiiii, sou mesmo badass. Né?
lol.
venho so salientar esta frase:
"Xiiii, sou mesmo badass. Né?"
E mais não digo.
...como os franceses dizem "se tromper à son avantage" eheheheh que boss!
Temos saudades tuas!
Grande beijinho